Entrevista Rodolfo Tristão


Como natural do concelho de Azambuja e conhecedor dos néctares locais, como vê a qualidade dos nossos vinhos?
Os vinhos da zona da azambuja, estão situados numa região que sempre foi conhecida por vinhos a granel, sem grande qualidade. Nos últimos anos, houve um incremento e qualidade que resultou na estruturação da região, passando a chamar-se TEJO, em vez de RIBATEJO.
A qualidade dos vinhos do concelho da azambuja aumentou um pouco. Houve melhoramentos, mas no entanto ainda não e visível ao nível do consumo dos vinhos e reconhecimento da região. Os vinhos têm qualidade, mais os brancos. Os tintos precisam de uma maior abertura do consumidor.

Acha que é possível melhorar?
Sim, temos qualidade para fazer melhor. Deveríamos fazer mais divulgação dos vinhos da região, dar a conhecer os vinhos, modificar os rótulos de alguns vinhos para que fiquem mais apelativos. Tem de haver capacidade de divulgação e uma maior abertura para melhorar os vinhos. Os vinhos do concelho de azambuja têm de ser mais ousados, tanto ao nível da imagem, como ao nível da promoção. Penso que deveria existir uma instituição que juntasse todos os produtores e, todos juntos trabalhassem para melhorar a imagem dos vinhos do concelho.

Ao nível da competitividade, os vinhos do concelho são proactivos?
Penso que não. Quantos vinhos do concelho se encontram nos restaurantes, ditos de topo? Poucos ou nenhums, infelizmente. Existe um espaço enorme para crescer e melhorar nessa área. Até aqui, os vinhos do concelho vivem das exportações (alguns) de grande volume, ou de pequenos restaurantes do dia-a-dia. Para sermos reconhecidos, temos que dar a conhecer o nosso produto e melhorar.

A produção local está na sua opinião a um nível aceitável?
Posso dizer que sim. Mas pode melhorar muito. Temos um “terroir” bom para que façamos melhores vinhos. Temos que estar presentes nos acontecimentos vínicos dos pais. Penso que passa por um esforço conjunto de todos os produtores.

Aveiras de Cima é agora conhecida pela Vila Museu do Vinho. Que lhe parece esta iniciativa?
Acho que foi uma excelente ideia para dinamizar a terra e o concelho. No entanto, e volto a frizar, temos que nos dar a conhecer ao mundo dos vinhos. Temos que mostrar que existe uma via museu do vinho. Para isso temos que melhorar a qualidade dos vinhos para melhor expressar a nossa qualidade.

Acha que este certame é importante e exequível nos moldes em que está organizado para o fomento da nossa produção?
Eu não conheço muito bem a organização, por isso não posso tecer grandes comentários acerca disso. Apenas posso dar a conhecer a minha visão sobre o concurso. Deveríamos convidar pessoas de fora do concelho para provarem os vinhos. Críticos de vinhos, escanções, pessoas ligadas á distribuição. São estes que são líderes de opinião. Temos que os cativar. E colocar um numero reduzido de pessoas do concelho para provar.

O deputado do CDS Manuel Couceiro, disse há dias na Ribatejo FM que os vinhos não se encontram nos supermercados, e que uma produção tão baixa e limitada podia estar nas lojas “gurmet”. C considera esta uma boa hipótese de promoção?
Para chegarmos às ditas lojas “gourmets”, temos que ter qualidade acima da média. Temos essa qualidade? Penso que ainda não. Penso que antes devemos chegar aos restaurantes, fazer uma boa promoção para que o consumidor depois de provar, possa ir comprar. Devemos fazer provas pelos grandes centros, para dar a conhecer o nosso vinho. Temos que ser dinâmicos nesse ponto. Por isso acho que antes de ir para as garrafeiras de lisboa e fazer provas de vinhos nas mesmas, também.


Sendo do concelho, embora resida fora, porque é que não tem sido chamado a opinar e a ajudar nos certames locais, nomeadamente no concurso de vinhos e na organização da Avinho?
Penso que esta pergunta deverá ser feita à organização. Apenas na apresentação do livro é que estive presente na AVINHO.
Demonstrei a minha disponibilidade para ajudar sempre que acharem necessário. Reitero novamente, pois acho que devo ajudar e promover a minha terra, onde nasci, estudei e vivi durante muito tempo.


O senhor foi recentemente empossado como o presidente da Associação de Escanções de Portugal. Qual é o principal objectivo da associação?
É uma associação com 40 anos, antes do 25 de Abril. É uma associação que junta os escanções nacionais. Visa promover o vinho, a excelência do serviço. Defende uma profissão, que está neste momento a atravessar um período difícil, muito por culpa da conjectura da restauração no nosso país.
No entanto é uma profissão muito importante para os vinhos, pois é o individuo que dá a conhecer os vinhos, realizando um serviço ao melhor nível, elevando a qualidade dos vinhos no restaurante.


No computo geral, como estão os vinhos nacionais no mundo?
Os nossos vinhos vão sendo conhecidos. Temos uma bandeira, o Vinho do Porto, que nos vai abrindo algumas portas em diversos países. Contudo, ao contrário que se pensa, temos um longo caminho a percorrer. Precisamos de mais promoção e divulgação dos nossos vinhos. A viniportugal tem estado muito activa para a promoção dos vinhos. Faz vários “workshops” de vinhos portugueses, dando a conhecer os mesmos. Mas é sempre preciso mais.


Sendo Portugal um pais produtor/c consumidor de vinhos, a exportação deste produto pode ser uma mais valia para a economia nacional?

A exportação para alguns produtores é já de 50% a 60% da sua produção. É uma saída para estes tempos mais difíceis. Poderá ser no futuro uma caminho ainda mais lucrativo, se for bem trabalhado. Os vinhos poderão ser um escape para ultrapassar as dificuldades nacionais. 

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