BE - AZAMBUJA QUER DISCUTIR "ESTADO DO MUNICÍPIO"

O Bloco de Esquerda quer a realização de uma Assembleia Municipal sobre o Estado do Município. Esta proposta é agora possível porque o regimento da Assembleia Municipal foi alterado, sob proposta da Coligação Pelo Futuro da Nossa Terra.
Assim o Estado Velho teve acesso a uma nota de imprensa do Bloco de Esquerda apresentada pelo único deputado municipal daquela força politica na AM, onde é pedida uma discussão sobre o Estado do Município.
Em causa está uma carta enviada em 17 de Maio a António Pratas Cardoso, presidente da AM, e ainda sem resposta segundo sabemos.
O Estado Velho publica aqui uma parte considerável da missiva.

"Este concelho encontra-se numa encruzilhada.

Em termos de desenvolvimento estratégico, investiu tudo na implantação do Aeroporto Internacional de Lisboa em Ota e viu este ser deslocado para Alcochete, sendo certo neste momento que até mesmo a sua construção está colocada em causa… depois apostou-se numa negociação sobre as contrapartidas a receber por essa deslocalização e as que se obtiveram – percebemos há já algum tempo – não eram as mais adequadas e estão hoje, com a crise que atravessamos, colocadas em causa, umas na sua execução, outras na sua execução em tempo útil para ter uma influência directa no desenvolvimento concelhio.

De igual modo a aposta estratégica no “sector empresarial da logística”, promovida a vector de desenvolvimento, ameaça tornar-se como sempre afirmámos um beco sem saída: a juntar aos baixos salários, à precariedade no emprego, sabemos hoje que Azambuja não faz parte da plataforma logística nacional e é duvidoso que venha a fazê-lo porque não preenchemos os requisitos necessários a essa classificação, o que em termos do QREN terá consequências negativas para o concelho. É mesmo tempo de perceber que se a ligação do TGV à rede europeia terminar no Poceirão, como tudo indica neste momento, as empresas mais importantes tenderão a procurar essa localização, sendo a Azambuja remetida para um papel de “logística de retaguarda”, tanto mais que a Plataforma Logística da Castanheira, com outro tipo de condições, se imporá definitivamente como opção com todas as vantagens concorrenciais.

Importante ainda trazer à colação, os anunciados cortes nas transferências para as autarquias (mais de cem milhões de euros) conjugados com uma baixíssima execução do QREN, que sem dúvida trarão graves prejuízos ao concelho e a qualquer estratégia de desenvolvimento sustentado.

A tudo isto se junta uma grave crise económica que o concelho vem fermentando dentro de si e que conduzirá - se não tivermos a clarividência de discutir soluções e alternativas em tempo útil – a uma crise social sem precedentes que os consistentes números do desemprego têm vindo a alertar.

O Bloco de Esquerda reitera as propostas que apresentou na última Assembleia Municipal, mas vai mais longe: atendendo a toda a conjuntura nacional e os seus inevitáveis reflexos no concelho, solicita a V. Ex.ª, nos termos regimentais, a convocatória da Assembleia para discutir o Estado do Município com a maior brevidade.

Não desconhecemos que o executivo camarário encomendou um estudo estratégico sobre o concelho, mas tememos que este se apresente desfasado da realidade se nós, enquanto autarcas eleitos, não quisermos, ou não soubermos, discutir as recomendações adequadas para as opções históricas que se nos apresentam neste momento.

Esta é uma matéria que não podemos iludir em nome de tácticas partidárias! Do ponto de vista político toda a estratégia que a maioria dos partidos apresentou ao eleitorado nas últimas eleições está colocada em causa pelos novos pressupostos que enunciamos acima… não ver esta realidade seria assumir a responsabilidade histórica de conduzir este concelho para um sono de ilusão do qual acordaremos – uma vez mais – demasiado tarde!"