terça-feira, 6 de julho de 2010
OPINIÃO - Dr.António Nobre Vereador da CDU - Câmara de Azambuja
O Segredo de Polichinelo e “O Mosteiro das Virtudes”
Pelos vistos a inauguração da “recuperação” da quintissecular igreja deu bota e inquérito,mas será que nos devemos admirar disso. Talvez nem tanto assim. Este mandato, apesar da reforçada maioria, têm-se sucedido as propostas mal elaboradas ou precipitadamente estudadas que depois são retiradas face à argumentação dos vereadores que, não dispondo de qualquer apoio dos serviços municipais, apenas do seu saber e experiência, lhes apontam as falhas. Não sendo esse o assunto que desejamos tratar, mas o respeitante à dita recuperação da igreja das Virtudes, agora tão ensensada, é que, por várias vezes, tivemos oportunidade de chamar a atenção para a impropriedade da chamada “recuperação”, porquanto não genuína. Na verdade, não passou de um reboco das paredes existentes, de cinco séculos, com cimento, material muito “conhecido” na época,
diga-se, em que a igreja foi edificada, uma pintura e colocar-lhe um telhado. Isto é muito pouco, senão até um verdadeiro atentado ao património histórico edificado do nosso concelho. Perdeu-se, pois, uma oportunidade de verdadeiramente equacionar e fazer um recuperação digna desse nome, fazendo-a com os materiais que mais respeitassem aqueles usados na época, imagine-se semelhante “recuperação” nas capelas imperfeitas da Batalha, o que não se diria. Sendo até de salientar que o frontispício acabou em
cimento armado, quando se está numa região onde a pedra abunda, as serranias dos “Candeeiros” e “Aire” não estão longe. Quiçá seria muito mais caro, é verdade, mas o impacto da recuperação teria muito maior sentido e alcance, e o interesse despertado mais ainda. Assim, não passa de uma mera recuperação banal, cuja caução pelo MC nos impressiona, que avilta natureza pura e originária do monumento e consequente interesse histórico que todos desejaríamos evidenciar, pondo ao dispor de toda a comunidade um património secular, constituindo um bom exemplar da arquitectura do seu tempo. Isto para dizer que há ruínas que é melhor preservar do que “recuperar”, lição a extrair também da “recuperação” da Escola Grandella, em Tagarro, cujo estado do respectivo pátio, invadido pelas ervas, de tão bem cuidado que está, reflecte bem a “recuperação” a que a mesma foi sujeita.
PS:
A nossa bolgosfera tem inegáveis virtudes, uma delas é o anonimato, forma “sui generis” de “participação” política. Não queríamos deixar de acusar o “recado”, sobre a atitude que toma-mos de não prescindir da senha de presença, a que temos direito por participar nas sessões de câmara, devida pela nossa participação na sessão extraordinária´da mesma, em que foi aprovada a proposta sobre a comparticipação da Câmara nos custos salariais das Equipas de Intervenção Permanente, constituídas no âmbito do sistema
de protecção civil. Esta já havia constado da OT da última sessão ordinária. Todavia, refere a notícia postada neste “blog” que a dita “proposta tinha sido adiada na anterior sessão de Câmara por sugestão do vereador do PSD António Jorge Lopes”, acrescentando o mesmo “post” que o dito vereador até tinha prescindido da senha de presença a que tem direito, mas o vereador António Nobre não o fez, e mais grave, também abrangeu alegada “ajuda de custo”, ora convém desde já esclarecer que este não recebe qualquer ajuda de custo, nem tal seria legalmente admissível, apenas o direito a compensação por se deslocar às sessões de câmara, desde a localidade onde reside, Alcoentre, na sua viatura pessoal, a que respeita o estatuto dos eleitos locais. A referida sugestão partiu da nossa intervenção, nessa sessão ordinária da câmara, em que suscitamos dúvidas fundamentadas sobre a legalidade financeira da proposta, a qual, a ser aprovada nesses termos, poderiam fazer incorrer em responsabilidade financeira os membros do executivo camarário que a aprovassem, o que motivou a sugestão de adiamento da sua apreciação pelo vereador Jorge Lopes, para a sessão ordinária seguinte, o qual, verdade seja dita, a gostaria de votar favoravelmente, como o veio a fazer, tendo aí observado o Sr. Presidente da Câmara que, pese embora aceitasse retirar
aquela, a fim de melhor a fundamentar e solicitar os necessários esclarecimentos, tal não seria desejável porque era necessário iniciar os pagamentos dela derivados no dia 1 de Julho próximo, pelo que, então, optou-se por convocar uma sessão extraordinária expressamente para esse efeito, tendo aí o Sr. Vereador Jorge Lopes declarado que prescindia da respectiva senha de presença, direito que obviamente lhe assistia, contudo essa sua atitude não vinculava os demais membros do executivo. Isto para dizer que, como acima salientamos, a proposta tal como estava elaborada carecia de fundamento legal, o qual somente foi obtido posteriormente, pelo que, entregue a em falta e analisada esta no que respeita às dúvidas suscitadas pelo vereador que as apontou, a mesma mereceu o voto unânime. Isto para dizer que, se o conteúdo da proposta, originariamente incluída na OT da sessão ordinária, fosse aquela apresentada na sessão extraordinária, esta teria sido dispensável, pelo que tal insuficiência não é imputável ao vereador que não prescindiu da sua senha de presença e que fez o seu trabalho de casa.
António Nobre
Vereador da Câmara Municipal de Azambuja
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no TwitterPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Publicada por
Estado Velho
à(s)
15:49
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Caro Vereador
Não votei em si. Mas noto a sua preocupação relativa a alguns assuntos que "minam" o nosso concelho.
Gostava de o ver mais vezes em algumas iniciativas da cãmara, mas sei que a sua vida profissional não deixa.
Quero de resto agradecer ao administrador deste blogue pela diversidade de temas e pela oportunidade de falar e deixar recados aos que nos representam na autarquia.
Carlos Alves. Azambuja
Muito Bem senhor vereador. Ainda bem que o Estado Velho dá oportunidade aos municipes de colocarem questões aos vereadores.
Acha bem que os directores de serviços levem os carros para casa? Não acha que as medidas restritivas tambem se deviam aplicar a isso. E já agora... grande prémio Joaquim Agostinho. Quanto Custou? quantos ciclistas temos no concelho?
Henrique Bento. Azambuja
Deixe lá sr vereador. Ninguem liga a uns miseros euros quando a câmara esbanja milhões em coisas que ninguém vê.
Ainda bem que o autor do blogue dá espaço para que as diferentes correntes politicas opinem. O único jornal da terra ainda vai fazendo alguma coisa, mas este espeço é importante. É uma forma inteligente e interactiva de deixar os nossos politicos a par das nossas dificuldades. parabens
Para quando artigos do Ramos e do Lopes? e do BE?
J.A.
Enviar um comentário